O beber na Coreia é praticamente um “desporto nacional”, tanto que o estado de embriaguez total é considerado um feito “grandioso.” Não há festa, refeição entre amigos ou outro tipo de encontro social que não envolva o consumo de altas quantidades de álcool… com consequências graves a todos os níveis.
De acordo com a firma de dados Euromonitor, a Coreia do Sul é o país que mais álcool consome no mundo, com uma média de 13.7 copos de álcool por semana. Segue-se a Rússia com 6.3 e as Filipinas com 5.4. As consequências desta “tradição” são as mais variadas, incluindo acidentes de viação e violência doméstica.
A maior parte dos coreanos costuma beber com patrões e colegas de trabalho, com amigos ou membros dos mais variados grupos, ignorando as campanhas do governo e entidades privadas relativas à diminuição do consume de álcool. De facto, para muitos beber é a única forma possível de “despejar” tudo o que vai no coração, sobretudo o que não se pode dizer em frente a outras pessoas em circunstâncias normais. Acima de tudo, beber juntos é a forma mais normal de confraternização e convívio. Momentos altos na vida de uma pessoa são também marcados pelo consumo exagerado de álcool, dos quais se destacam a festa pós-exame de admissão à universidade (ocasionalmente, é noticia a morte de um ou outro jovem após ter entrado em coma alcoólico), promoções no trabalho, entre outros.
Os hábitos relativos ao consumo de álcool começaram a intensificar-se a partir dos anos 70, no auge da revolução industrial que fez da Coreia a potência mundial que é hoje. O stress causado pelo trabalho duro, num período em que praticamente não haviam férias laborais, era libertado somente através do álcool. Ao mesmo tempo, beber tornava-se cada vez a forma natural de reforçar os laços de amizade, unidade, solidariedade e organização.
Obviamente, as consequências são graves e atingem várias áreas da sociedade, começando pelo núcleo familiar. Os gastos associados ao tratamento de doenças causadas pelo álcool, sobretudo o cancro do fígado, aumentam de ano para ano. De acordo com dados do governo, desde 2007 os coreanos gastaram cerca de um bilião de dólares em medicamentos e tratamentos de doenças associadas ao álcool. Por outro lado, muitos dos acidentes de viação são em parte causados por excesso de álcool. A quebra de produtividade e destruição de propriedade são outras consequências com gastos avultados. Não obstante as campanhas de sensibilização, a verdade é o consumo não pára de aumentar.